Nem todos os carboidratos são iguais
Já se está claro na literatura até o momento que, pensando na redução do peso corporal, uma dieta restrita em calorias, seja com alto teor de gorduras e baixa em carboidratos ou baixo teor de gorduras e alta em carboidratos são igualmente eficazes.Resumidamente, quando falamos de dieta LOW-CARB verifica-se nas bases de dados evidências que demonstram redução do peso corporal, IMC, circunferência abdominal, pressão arterial, triglicerídeos, glicemia de jejum, hemoglobina glicada e proteína C reativa. Do ponto de vista comportamental, as dietas com baixos teores carboidratos e mais altas em gordura e moderadas em proteínas também estão relacionadas a perda de peso devido ao aumento dos níveis de saciedade, assim reforçando positivamente o consumo reduzido de calorias.
Em função desses achados se criou uma ligação entre carboidratos e obesidade, promovendo assim um intenso e caloroso debate sobre o assunto. Porém, uma questão importante que deve ser abordada é saber se os papéis opostos dos carboidratos – os “bons” e os “ruim”, ou seja, os refinados – no risco de doenças, como a obesidade.
Os carboidratos refinados e os açúcares estão envolvidos em uma grande variedade de distúrbios vasculares, resistência a insulina, síndrome metabólica, doença cardiovascular e renal. No outro extremo, o papel protetor dos carboidratos bons se reflete em uma associação consistente e inversa a incidência de doenças cardiovasculares, ou seja, consumir de forma adequada os bons carboidratos até ajudariam a evitar a obesidade.
Além disso, as metanálises agrupadas indicaram um efeito protetor do consumo de grãos integrais (Associations between food and beverage groups and major diet-related chronic diseases: an exhaustive review of pooled/meta-analyses and systematic reviews. Nutr Rev 2014;72:741–62. e The role of whole grains in disease prevention. J Am Diet Assoc 2001;101:780–5).
Uma limitação desse estudo foi de não classificar as diversas influencias como nivel de atividade física, idade, gênero etc. Mas, com base nos achados dessa meta-análise (foto), não se pode concluir que uma dieta rica em carboidratos, ou o aumento da porcentagem de energia na forma de carboidratos, aumenta a probabilidade de obesidade. Podemos entender que a epidemia de obesidade ocorreu durante a era dos ALIMENTOS INDUSTRIALIZADOS/ULTRA PROCESSADOS, que promoveu o aumento da ingestão dos carboidratos RUINS (açúcares refinados). Por fim, são necessários mais estudos que investigam especificamente a obesidade em função de diferentes grupos de carboidratos, incluindo a ingestão de carboidratos refinados versus não-refinados. Então, entenda que afirmar que TODOS os carboidratos estão ligados à obesidade é potencialmente errônea.
Por isso, vale sempre a individualidade bioquímica e não protocolos fechados pra TODO mundo.
Coma algo saudável pela gente!
Referência: http://bmjopen.bmj.com/content/8/2/e018449